Economia

CRESCIMENTO DO AGRO É “PASSO” PARA REDUZIR RESISTÊNCIA A LULA, DIZ MINISTRO DA AGRICULTURA

Lula intensificará encontros com representantes do agronegócio em reuniões no Torto, com direito a churrasco, diz Carlos Fávaro. Foto: Ricardo Stuckert/PR

Um dos setores que mais resistem ao governo Lula, o agronegócio registrou, em 2023, o seu maior crescimento anual desde o início da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1995. Diversos líderes do segmento mergulharam de cabeça na candidatura à reeleição de Jair Bolsonaro, em 2022, com previsões catastróficas para a produção rural caso Lula vencesse. No ano passado, porém, o agronegócio cresceu 15,1% em relação a 2022 e foi o maior responsável pelo aumento de 2,9% do PIB, índice anunciado nessa sexta-feira (1). Serviços (2,4%) e indústria (1,6%), por exemplo, tiveram altas bem mais tímidas.

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse ao Congresso em Foco que o diálogo e as medidas anunciadas pelo governo desde o início do ano passado têm ajudado a “desmistificar” o discurso de que Lula não gosta do setor. Nem mesmo o crescimento recorde da agropecuária no ano passado fará cessar as resistências de parte do empresariado rural a Lula, na avaliação do ministro.

Para ele, a redução dessa resistência de líderes do agronegócio ao presidente faz parte de um processo ainda em andamento. “Não é um fato. É um passo a passo, step by step. Nada resiste ao trabalho, à dedicação, ao diálogo. No ano passado, quando tínhamos momentos de animosidade ainda fruto da campanha eleitoral, a gente fez o maior plano safra da história. Um governo que não gosta do setor não faria o maior Plano Safra da história”, disse o ministro.

Senador licenciado pelo PSD de Mato Grosso, Carlos Fávaro avalia que a atual gestão aprofundou as medidas adotadas pelos dois primeiros governos Lula. “Estamos fazendo trabalho mais forte, mais eficiente. Batemos recorde de abertura de mercados em 2023 e continuamos no mesmo processo em 2024. Criamos linhas de crédito inovadoras, com juros mais baratos, a linha dolarizada, por exemplo”, explica.

Atos golpistas

Relatório da Polícia Federal indica que ao menos 54 caminhões enviados a Brasília para participar da mobilização que resultou nos atos de 8 de janeiro foram bancados pelo agronegócio. No relatório final da CPMI dos Atos Golpistas, ao menos 13 fazendeiros foram objeto de pedido de indiciamento, segundo o site De Olho nos Ruralistas. Documento da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) também identificou associação entre empresários rurais para incitar e organizar os atos antidemocráticos.PUBLICIDADE

No Congresso, a numerosa bancada ruralista, composta por mais de 300 parlamentares, faz forte oposição ao governo e impôs a Lula a sua maior derrota no ano passado: a restituição da tese do marco temporal para demarcação de terras indígenas. Os trechos derrubados desse projeto resultaram em 45% das derrotas de Lula no primeiro ano de mandato. Lideranças da bancada, como o seu próprio presidente, deputado Pedro Lupion (PP-PR), participaram do ato pró-Bolsonaro no último domingo na Avenida Paulista.

Churrasco no Torto

Com o propósito de aproximar mais do setor, Lula pretende intensificar nas próximas semanas os encontros com representantes do agronegócio. O presidente tem marcado conversas com lideranças das áreas do café, do algodão e da fruticultura. A ideia é receber os convidados na Granja do Torto, residência oficial de campo da Presidência, às sextas-feiras, no fim da tarde, para um churrasco.

“Estamos tendo diálogo. Agora, num momento difícil, o presidente Lula abre as portas. Nada melhor que, no final da reunião, numa sexta-feira, fazer um churrasquinho, conversar descontraidamente. Temos de desmitificar. Aí o setor também responde, é o setor mais forte da economia. Mesmo com os preços das commodities já achatados em 2023, a agropecuária bateu recorde de crescimento, puxou o PIB do país para cima. É um ganha-ganha trabalharmos juntos, e é isso que o presidente me determinou e estamos fazendo.

Impulsionamento

O Plano Safra citado por Carlos Fávaro alcançou cifra recorde no ano passado, quando o governo ofertou R$ 364,2 bilhões em crédito rural para a agricultura empresarial, dos quais R$ 101,5 bilhões equalizados pelo Tesouro Nacional, com previsão de impacto orçamentário de R$ 5,1 bilhões para subvenção do crédito.

O setor agropecuário foi favorecido pela supersafra e pelos bons preços no mercado internacional. Coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, ao anunciar o resultado do PIB de 2023, Rebeca Palis avaliou que o resultado recorde da agropecuária, superando a queda apresentada em 2022, teve influência do crescimento da produção e do ganho de produtividade. “Esse comportamento foi puxado pelo crescimento de soja e milho, duas das mais importantes lavouras do Brasil, que tiveram produções recordes registradas pelo Levantamento Sistemático da Produção Agrícola”, afirmou.  A soja foi o principal destaque, com aumento de 25,3% na produção.

Fonte: UOL

Redação

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