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Lair Guerra, piauiense indicada ao Nobel da Paz, morre aos 80 anos em Brasília

A biomédica piauiense Lair Guerra, que coordenou o Programa Nacional de Controle e Combate a Aids do Ministério da Saúde, morreu aos 80 anos na manhã desta quarta-feira no Hospital Santa Luzia, em Brasília. 

A informação foi confirmada pelo irmão de Lair Guerra, pastor Júlio Borges. Ele informou que o corpo dela será cremado. O velório dela será no cemitério Jardim Metropolitano, parque Araruama, Valparaíso de Góias (GO), na sexta-feira (15). 

Lair Guerra foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz pelo trabalho pioneiro com o programa de combate a Aids, que foi um exemplo para o mundo.

Desde janeiro, ela estava internada na UTI do Hospital Santa Luzia após diagnostico de pneumonia. A piauiense chegou a ser entubada e nos últimos 10 dias teve uma piora significativa no quadro médico. 

Em 1996, Lair sofreu um acidente de carro na cidade de Recife e vinha enfrentando sequelas deixadas pelo episódio. Na ocasião, ela estava na capital pernambucana para participar de uma palestra sobre Aids quando o taxi que a levava para a conferência bateu em um ônibus. 

Após o acidente, a biomédica passou dois meses em coma, após tratamento conseguiu retornar para casa utilizando uma cadeira de roda e outras sequelas.

Referência mundial 

No dia das mulheres, o Cidadeverde.com resgatou a história de Lair Guerra, uma homenagem a piauiense que marcou a corrida contra a Aids na década de 80 e 90. Agora, dia 28 de março, a biomédica faria 81 anos.

Nascida em 1943 no povoado Gety, antes pertencente ao município de Parnaguá, hoje Curimatá (a 775 km de Teresina), Lair Guerra, graduou-se na Universidade Federal de Pernambuco. Casou-se em 1962.

Em 1977 começou a lecionar Microbiologia na Universidade Federal do Piauí (UFPI) e a administrar o laboratório da universidade. Ela também foi professora da UnB (Universidade de Brasília). A piauiense fez pós-graduação no Centro de Controle de Doenças (CDC) e em Harvard, nos Estados Unidos. 

Ao obter bolsa da Organização Pan-americana de Saúde foi morar em Atlanta, na Geórgia (EUA), com a família. Na cidade americana atuou como pesquisadora visitante na área de doenças sexualmente transmissíveis no Center for Disease Control (Centro de Controle de Doenças). Paralelamente, cursou o mestrado em Microbiologia na Georgia State University, enquanto acompanhava as primeiras pesquisas sobre o vírus HIV.

Ao retornar ao Brasil dirigiu o Programa de Saúde Materno-Infantil do Ministério da Saúde. Devido à sua experiência, foi nomeada para coordenar o programa brasileiro de controle DST/Aids, que virou um exemplo para todo o mundo.
Incansável, Lair Guerra, enfrentou a burocracia, falta de recursos e o preconceito. De barco, carro ou avião, ela percorreu o Brasil e o exterior intensificando campanhas de esclarecimento e popularizando palavras como “preservativo” e “combate ao HIV”. 

Mobilizou o país para as fiscalizações dos bancos de sangues e se aliou às organizações não governamentais para adotar políticas públicas de enfretamento à doença e pelo direito dos portadores. Uniu ciência às questões sociais.

Fonte: Cidade Verde

Alisson Carvalho

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