O Piauí ganha, neste domingo (14), com solenidade e programação especial, o primeiro monumento com a imagem de Iemanjá negra. A estátua será instalada na Avenida Marechal Castelo Branco, em Teresina, reunindo fiéis da Rainha do Mar. A sugestão é que as pessoas participem da cerimônia usando a cor branca.
No dia 14 de abril, a concentração inicia no local do monumento, até que às 16h começa a cerimônia do padê de Exú. Em seguida, às 16h30, acontece o momento de consagração à imagem com oferendas e ritual. O evento, que tem apoio da Secretaria de Cultura do Piauí (Secult), segue com uma grande gira e momento de passe e bênçãos com a presença do terecô do Maranhão.
O monumento anterior de Iemanjá, que havia sido inaugurado em 1980, a “Rainha do Mar”, era branca e inspirada em Nossa Senhora dos Navegantes. No entanto, com o passar do tempo, as reivindicações do Movimento dos Povos de Matriz Africanas ganharam força para que a imagem tivesse as características de uma mulher negra.
Pai Rondinele de Oxum, importante liderança religiosa do Piauí, explicou que a mistura das religiões e o contexto da época levaram à representação de uma mulher branca e de cabelos lisos. A mudança da cor da pele da representação de Iemanjá no monumento é uma conquista histórica.
“Na nossa fé, não temos a imagem em si. Cultuamos a natureza, a pedra, o mar, a criação, por isso a simbologia da cor está ligada aos elementos. O azul do mar, a prata da prata, o branco do sal. É divino, não é branco nem preto. Só que pela lógica da ancestralidade, pela origem africana, o certo é representar Iemanjá como negra, como mulher preta”, afirma.
Para o trabalho de execução da imagem, o Movimento dos Povos de Matriz Africanas realizou um trabalho de dois meses para ouvir pessoas de religiões afins para definir os ajustes necessários. O artista responsável pela imagem é Jean Pimentel, do Polo Cerâmico de Teresina, e um empresário local patrocinou a confecção da peça.
Sobre Iemanjá
Iemanjá é a divindade que simboliza as águas e uma das figuras de maior representatividade nas religiões de matriz africana. A entidade é sincretizada em diversas religiões e é referência para rituais e cerimônias religiosas.
O nome Iemanjá tem origem no idioma africano yorubá. Pela epistemologia, é aquela que cuida da cabeça e do coração, sendo reconhecida no candomblé e umbanda.
Fonte: Cidade Verde
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