Saúde

Casos de ansiedade entre crianças e adolescentes superam o de adultos

O número de casos de ansiedade entre crianças e adolescentes superou o de adultos pela primeira vez em dez anos, segundo dados de uma pesquisa realizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Aos 11 anos, Débora Andrade Saad já convive com um dos principais males do século 21: a dificuldade de controlar as emoções. “Eu começo a roer muito a unha e a estralar os dedos. Fico eufórica, e quando está acontecendo alguma coisa, eu quero contar para todo mundo e não consigo dormir direito”, diz a menina.

Segundo os pais, a jovem foi diagnosticada com ansiedade generalizada, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Além disso, Débora passou por duas psicólogas e faz aulas de patins, vôlei, ginástica, tênis e teatro.

“A gente procura principalmente evitar cobrá-la o tempo todo, além de deixá-la em um ambiente mais tranquilo”, diz Tatiana Ribeiro de Andrade Saad, advogada e mãe da menina.

Não há uma causa específica para a ansiedade infantil. O diagnóstico pode aparecer em crises econômicas e em casos de pouco convívio com a família. No entanto, segundo alguns especialistas, como o psicólogo americano Jonathan Haidt, autor do livro “Geração Ansiosa”, o uso excessivo de telas piora o quadro.

Algumas escolas em São Paulo combatem a ansiedade infantil fora e dentro da sala de aula: é o caso do Colégio Anglo Morumbi, em que as aulas socioemocionais são levadas tão a sério quanto as aulas de matemática ou português. A professora ensina a ouvir com os olhos, os ouvidos e o coração. Na caixa das emoções, os alunos escrevem bilhetes e desabafam suas angústias.

“Eu sempre me culpo quando tiro uma nota ruim, então eu sempre tenho medo de tirar”, revela Laura Borges , de 10 anos. “Eu estudo muito, todos os dias, pra não tirar essa nota”, complementa.

Uma árvore na parede da sala expõe sete hábitos que devem ser aplicados na rotina dos alunos. Nos corredores, ficam expostas as missões de cada turma. São parte do programa Líder em Mim, que está em 700 escolas do Brasil e em sete mil instituições do mundo todo.

“Geralmente eles falam: ‘primeiro a lição, depois o lazer’. E é importante a gente perceber isso e o quanto impacta na vida deles, na rotina, principalmente fora da escola também”, afirma Fabiana Santana, assessora pedagógica do Programa Líder em Mim.

O diálogo na escola e em casa é essencial no tratamento. O esforço conjunto tem ajudado a pequena Débora a enfrentar os seus medos. “Eu procuro pensar primeiro no mais importante. Me acalmar, respirar fundo e segurar a emoção”, afirma.

Fonte: SBT News

Redação

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