A Polícia Federal (PF) solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma nova investigação separada do caso envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), focando em uma “grande estrutura” na Prefeitura de Duque de Caxias (RJ) para crimes de inserção de dados falsos de vacinação. Segundo a PF, novos elementos foram descobertos, indicando que essa estrutura beneficiava “diversas pessoas” distintas das investigadas no inquérito sobre milícias digitais, que apura supostas irregularidades no cartão de vacinas de Bolsonaro.
O pedido da PF, enviado na terça-feira (16 de julho de 2024), detalha que a estrutura criminosa na prefeitura visava beneficiar um número indeterminado de pessoas, especialmente ligadas ao grupo político e familiar que comanda o município. A PF sugeriu que esses novos desdobramentos, originados da análise de mensagens no WhatsApp, sejam investigados em um procedimento separado do inquérito da Pet. 10.405, que trata da adulteração em cartões de vacina.
O ex-presidente Jair Bolsonaro foi indiciado pela PF em março deste ano por associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema de informação. A investigação abrange falsificações em certificados de vacinação contra a covid-19 de novembro de 2021 a dezembro de 2022. Além de Bolsonaro, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid também foi indiciado. Pessoas próximas ao ex-presidente, incluindo sua filha, Laura Bolsonaro, teriam recebido certificados de vacinação sem tomar a vacina.
No início de julho, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão contra o ex-prefeito de Duque de Caxias e secretário estadual de Transportes, Washington Reis (MDB), e a secretária de Saúde do município, Célia Serrano.
Entenda o caso
Em 3 de maio de 2023, a PF lançou a operação Venire, investigando registros falsos no SUS e adulterações em cartões de vacinação. A ação foi fundamentada na quebra de sigilo dos dispositivos de comunicação de Mauro Cid, realizada no ano anterior em um inquérito sobre urnas eletrônicas.
A PF identificou que, em 21 de dezembro de 2022, João Carlos de Souza Brecha, secretário de governo de Duque de Caxias, inseriu no sistema do SUS que Bolsonaro havia tomado vacinas contra a covid-19. No dia seguinte, um usuário com o e-mail “mauro.cid@presidencia.gov.br” acessou o ConecteSUS e emitiu certificados de vacinação. Em 27 de dezembro, um novo comprovante foi emitido e posteriormente excluído do sistema. No dia 30, quando Bolsonaro embarcou para os Estados Unidos, um outro comprovante foi gerado. Quinze dias antes do retorno de Bolsonaro ao Brasil, em 30 de março, um quarto comprovante foi emitido.
Mauro Cid foi preso na operação e apontado como o responsável pelo esquema. Bolsonaro também foi alvo, com buscas e apreensões realizadas em sua residência no Jardim Botânico, em Brasília, onde seu celular foi apreendido.
Fonte: Poder360
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