Desde o início da tragédia que assola o Rio Grande do Sul, especialistas têm estabelecido comparações entre as atuais inundações e as cheias de 1941 no Guaíba, em Porto Alegre. Foi constatado que o desastre atual foi mais devastador do que o anterior – o nível do lago ultrapassou o antigo recorde de 4,76 metros e atingiu nesta semana a marca de 5,33 metros. Para contextualizar, é importante notar que as enchentes costumam ocorrer a partir de 3 metros de altura.
No entanto, um levantamento da Rhama Analysis, uma empresa de engenharia especializada em recursos hídricos, divulgado na sexta-feira (10), oferece uma visão mais precisa de um dos elementos-chave para compreender a maior gravidade em 2024: a intensidade e a distribuição das chuvas.
VELOCIDADE NA ELEVAÇÃO DO GAÍBA: Em 1941, o nível do Guaíba levou 10 dias para subir de 1,16 metro para a marca histórica de 4,76 metros. Desta vez, em 2024, apesar da presença das comportas, construídas apenas na década de 1970, foram necessários apenas 6 dias para que o nível do lago subisse de 1,24 metro para os impressionantes 5,33 metros.
RECORDE BATIDO: Em 1941, as chuvas foram mais persistentes, afetando Porto Alegre por aproximadamente 12 dias, embora com volumes diários menores. Já em 2024, a tempestade foi mais intensa, caracterizada por acumulados médios diários mais elevados, concentrados em cerca de 4 dias consecutivos.
POPULAÇÃO PEGA DE SURPRESA: A consequência prática dessa mudança é diretamente sentida pela população: quando a inundação ocorre de forma repentina, com chuvas intensas e concentradas em poucos dias, a Defesa Civil tem menos tempo para comunicar quem está em área de risco e implementar um eventual plano de contingência.
MUDANÇAS CLIMÁTICAS: Segundo Bruno Bainy, meteorologista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a região Sul do Brasil tende a apresentar um aumento anual no acumulado de chuvas, como parte das mudanças climáticas. No entanto, ele ressalta que não apenas a precipitação determina novas inundações, sendo influenciadas também pelo vento e características geográficas locais. Bainy destaca a importância de estudos de simulação computacional da atmosfera para entender o impacto das mudanças climáticas nas tragédias no RS.
Fonte: Meio Norte