
Na manhã desta quinta-feira (05), a Polícia Civil do Piauí deflagrou a Operação “Cupiditas” que resultou no cumprimento de mandados contra familiares do principal suspeito do assassinato a advogada Valdenice Gomes Celestino Soares. O crime ocorreu no dia 3 de março deste ano, na zona rural de Paulistana, e teria sido motivado por conflitos relacionados à divisão de bens da família. O irmão de Valdenice, identificado pelas iniciais A.G.S., é apontado como autor do crime. Contra ele, há uma prisão preventiva decretada, mas ele segue foragido.
Durante a ação, foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão, quatro em Paulistana e três em Goiânia (GO), além de dois mandados de prisão temporária contra G.S.C., filho do suspeito, e N.G.C., irmão de A.G.S., apontado como autor do crime. Segundo as investigações, G.S.C. teria ajudado o pai a fugir logo após o assassinato, enquanto N.G.C. é considerado o mentor intelectual do crime. A polícia apura, inclusive, se a arma usada no homicídio foi enviada por ele de Goiânia.
Envolvimento dos investigados na fuga e destruição de provas
As investigações apontam que G.S.C. teve participação direta na fuga do pai, sendo visto em uma motocicleta nas proximidades do local do crime e em outro município no mesmo dia, vestindo roupas semelhantes às descritas por testemunhas. Relatórios técnicos indicam que seu celular estava conectado ao mesmo ponto de internet utilizado por Adelaido na localidade do crime, contradizendo seu depoimento prestado à polícia.
N.G.C., por sua vez, é investigado como o responsável por instigar o irmão a cometer o assassinato. Há indícios de que ele teria pressionado Adelaido por mensagens, cobrando uma “solução” para o conflito com Valdenice. A polícia também investiga se a arma usada no crime foi enviada por ele, o que reforçaria seu papel no planejamento do homicídio. O sumiço do celular da vítima também é alvo da investigação, que trabalha com a hipótese de destruição ou ocultação de provas, possivelmente por parte dos próprios investigados.
De acordo com a delegada Thainah Souza Teixeira, titular da Delegacia de Paulistana, o acusado já teve sua prisão preventiva decretada pela Justiça. “A medida foi determinada diante da gravidade do crime, da tentativa de fuga e do risco às testemunhas. Seguimos em diligências para localizá-lo e garantir sua responsabilização perante a lei”, afirmou a delegada.
Segundo o superintendente de Operações Integradas da SSP, delegado Matheus Zanatta, a operação resultou na prisão dos dois alvos. Um em Paulistana e outro em Goiânia (GO). A operação contou com o apoio do Departamento de Polícia do Interior (DPI) e da Força Estadual Integrada de Segurança Pública (FEISP).
Crime pode ter sido premeditado; vítima já havia sido ameaçada
O inquérito policial revela que Valdenice foi vítima de uma emboscada e morta com diversos disparos de arma de fogo, principalmente na região do pescoço, quando retornava de uma visita à sua propriedade, acompanhada da irmã e do neto. Ela havia ido consertar uma cerca que frequentemente era danificada por A.G.S..
Testemunhas relataram que a vítima vinha sofrendo ameaças constantes dos irmãos, que não aceitavam sua atuação como inventariante no processo de partilha de terras da família. Familiares apresentaram áudios e mensagens atribuídas a N.G.C., com frases como: “isso não se resolve na Justiça, mas sim na bala”.
O companheiro da vítima relatou ainda que, em 2021, foi alvo de uma tentativa de homicídio por parte dos irmãos. Outro parente reforçou que, após a morte da matriarca da família, os irmãos passaram a agir com violência e autoritarismo, especialmente contra Valdenice, que assumiu a liderança no processo judicial de inventário.
OAB Nacional manifestou repúdio pela morte da advogada
O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (CFOAB) manifestou repúdio pelo assassinato da advogada, ocorrido em Paulistana no último final de semana. Em nota, a entidade cobrou justiça e a resolução do caso. O texto, postado no site do Conselho Federal, é assinado pelo presidente da entidade, Beto Simonetti, e reforça a necessidade de medidas concretas para a proteção da advocacia.
“A região onde o crime aconteceu é reconhecida pelos altos índices de violência contra a mulher, o que evidencia a necessidade de políticas públicas mais eficazes e estruturadas para garantir a proteção da população feminina. No Mês da Mulher, este caso reforça a urgência de ações institucionais para enfrentar essa realidade e garantir a segurança e a dignidade das mulheres na sociedade”, diz a nota do CFOAB.
Fonte: Portal O Dia