Teresina (PI) – No dia 8 de Março é celebrado o Dia Internacional das Mulheres, uma data para enfatizar as conquistas, desafios e contribuições das mulheres em todas as esferas da sociedade. Esta data histórica relembra o inicio do século 19, quando mulheres ao redor do mundo levantaram suas vozes em busca de igualdade de direitos, melhores condições de trabalho e justiça social.
Entretanto, é importante destacar que o Dia Internacional da Mulher também é uma oportunidade para reconhecer e amplificar as vozes das mulheres trans. Para as mulheres trans, esta data tem um significado especial, pois representa não apenas uma luta por igualdade de gênero, mas também por reconhecimento, respeito e dignidade em uma sociedade muitas vezes marcada pela discriminação e marginalização.
Segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), entre 145 assassinatos de pessoas trans registrados no Brasil em 2023, 136 sendo travestis e mulheres trans. A luta dessas mulheres trans é diária, enfrentando desafios e buscando conquistas em meio a uma sociedade que ainda carece de aceitação e respeito pela diversidade de gênero. Por isso conversamos com Maria Laura dos Reis, presidente do Grupo Piauiense de Transexuais e Travestis (GPTRANS), uma voz influente e uma figura central na luta pela igualdade e pela dignidade das mulheres trans no Piauí.
Maria Laura relata que sua transição teve início em 2004, mas foi em 2009, ao fundar o GPTRANS com um grupo de mulheres trans, que ela se inseriu plenamente no movimento social em prol da comunidade trans. Sua transição, embora tenha contado com o apoio de amigos e familiares, também enfrentou obstáculos, como a discriminação e principalmente as dificuldades de inserção no mercado de trabalho formal.
“Tive um pouco de dificuldade na inserção no mercado de trabalho formal, algumas situações também tem gente que não respeita a identidade de gênero, nem o uso de pronomes, essas coisas. Mas a gente conseguiu superar. Logo após o movimento social, com as legislações, as políticas públicas, acabei me empoderando e politizando, hoje em dia eu já consigo enfrentar situações preconceituosas de discriminação que ainda vivenciamos”, contou Laura.
Ela também nos conta um sobre o trabalho e importância do GPTRANS no Estado, criado em 29 de janeiro de 2009, como uma instituição que atua nessa área de promoção e defesa da cidadania de travestis e transexuais.
O grupo tem como missão traçar mais caminhos de fortalecimento das políticas públicas, das legislações, cada vez mais empoderando meninas, travestis e transexuais, incentivando elas a ocuparem mais seu espaço na sociedade, estarem nas escolas, nas universidades, procurando se qualificarem para poder estar se inserindo no mercado de trabalho formal.
“Estamos sempre vigilantes no cumprimento das legislações, com a efetividade das políticas públicas, tentando traçar estratégias que busquem sempre cidadania, respeito pela identidade de gênero das travestis e transexuais e dessa forma cumprindo nosso papel aqui nesta missão”, afirma a presidente do grupo.
Ser uma pessoa Travesti e Transexual é um desafio constante, principalmente no Brasil que ocupa a primeira posição entre os países que mais matam pessoas trans no mundo por 15 anos consecutivos, o que acende o alerta para a necessidade de mais visibilidade, apoio e acolhimento para a comunidade.
“O meu trabalho sempre é pensando no coletivo, no individual, tenho minhas conquistas pessoais, mas é algo mais privado, mas nessa vida pública é mais voltada no coletivo, que eu estou sempre centrada e atuando para poder estarmos em sintonia e cada vez mais promovendo a cidadania de travestis e transexuais”, pontua Maria Laura.
Fonte: Piauí Hoje