Cuidar da saúde está cada vez mais caro no Brasil. Os medicamentos terão, este ano, pelo menos dois aumentos de preço e, para os planos de saúde, a previsão é de reajustes bem acima da inflação — de até 30%.
O aposentado Sebastião Edson de Paula toma 17 remédios diariamente para combater um câncer de próstata. Além dos gastos com medicamentos, o morador de São Luís do Maranhão recebeu nesta semana uma carta que informa o reajuste no plano de saúde.
“Chega uma cartinha e, quando eu abro, 25% de aumento! Eu digo: meu Jesus do céu, o que eu vou fazer? Dessa vez eu vou mesmo morrer, não tem pra onde correr não”, desabafa o aposentado.
O valor do plano do seu Sebastião saltou de R$ 2,2 mil para R$ 2,8 mil. O mesmo aconteceu com o plano da mulher dele. Juntos, eles recebem pouco mais de R$ 6 mil de aposentadoria.
Luiz Feitoza, consultor especializado em planos corporativos, estima que outros usuários vão enfrentar reajuste semelhante — e até maior.
“O que nos parece é que foi feito uma aposta de precificação durante esse crescimento do mercado e agora estamos encontrando o ponto de equilíbrio, uma vez que a despesa médica não para de subir, ela sobe acima da inflação e a receita precisa fazer frente a isso. Então os preços eles estão sempre correndo atrás dessa despesa médica que cresce todo ano”, afirma.
Um sintoma dos aumentos sucessivos nos planos de saúde foi a quantidade de brasileiros que optou por migrar de empresa para pagar menos em 2023. O interesse pela portabilidade de carências aumentou 13,5%, segundo a ANS. Além da busca por um serviço mais barato, os pacientes destacaram a insatisfação com a qualidade do atendimento.
Em relação aos remédios, que no ano passado subiram em média 5,6%, já está em vigor um reajuste no Distrito Federal e em pelo menos 10 estados, devido ao aumento da alíquota do ICMS. A segunda alta começa a valer em março, em função do reajuste anual definido pela câmara de regulação do mercado de medicamentos, e que é autorizado pelo governo.
Questionada, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) informou que apenas os reajustes dos planos individuais e familiares são decididos por ela. Os planos coletivos são negociados pelo representante do grupo diretamente com a operadora.
Já a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) explicou que o preço dos medicamentos é definido por meio de fatores como inflação, custo de insumos e da tarifa de energia elétrica para a indústria.
Fonte: SBT News