Aos gatos que passaram fome comigo na infância; aos papagaios que tivemos — um, minha mãe teve que vender para dar de comer aos filhos e consequentemente chorar o infeliz negócio o resto da vida; outro feneceu de saudade de quase todos nós, pois fomos deixando a casa e a cidade em busca de sobrevivência em São Paulo.
A Juju — um porquinho-da-índia que enterrei sob soluços lancinantes da primeira perda de minha filha caçula.
A todos os pets que me viram partir; àqueles que não os impedi de irem; aos que não pude adotar e a muitos pelos quais me afeiçoei por onde andei (restaurantes, oficinas, trabalhos, casas de amigos). Em especial, a Pretinho — um cachorrinho vivaz que doei para uma família do Ceará e nunca fui visitá-lo; a Hulk, o cão mais amável do Universo, que, na morte, dilacerou meu coração e me fez derramar um mar de lágrimas; entretanto, em vida, foi companhia fiel e alegre quando a mulher que eu tanto amava covardemente prostrado me deixou.
E por fim, ao doce Belchior… enquanto escrevo estas linhas amargas e tristes, está balançando o rabo e ronronando a meus pés.
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