Por Yala Sena
A médica Lara Basílio Medeiros Veras, irmã do médico preso por engano no caso do morador de rua, afirmou nesta quarta-feira (8) que a família viveu momentos de terror e que pedirá indenização por danos morais ao estado do Piauí.
O médico Albert Madeiros foi preso em agosto suspeito pela morte do morador de rua, Francisco Eudes dos Santos Silva, que foi assassinado na praça João Luís Ferreira em 24 de abril de 2022.
Lara contou que a residência da mãe, uma idosa de 70 anos, foi invadida por policiais com mandado de busca e apreensão após prender o irmão quando ele estava a caminho da academia.
“Eles reviraram o quarto dele em busca de arma de uma suposta prova de um crime que ele teria cometido. Aquele momento foi de muito desespero, tanto para minha mãe, uma idosa de 70 anos, por ter sua casa invadida sem saber o motivo, mas ele se manteve calmo e disse: mãe fique tranquilo eu vou lá e volto pra casa”.
Segundo a irmã, durante a prisão ele foi pressionado a delatar quem tinha sido o atirador.
“Era uma pressão no sentido de você precisa dizer quem é o atirador, o autor do disparo, se não você vai ficar aqui muito tempo”. Segundo a médica, o irmão alegava que nunca tinha andado na praça João Luís à noite.
“Foi uma situação constrangedora, humilhante. Ele não entendia o que estava passando. Somos uma família de trabalhadores…Pra nós foi um momento de grande desespero. Não acreditávamos, parecia que estávamos inseridos numa série de Netflix. Há quatro meses nós vivíamos sem paz”, disse a irmã.
Fotos: Márcio Sales/Cidadeverde.com
Ela contou que a mãe chegou a ter um AVC no mês de agosto, devido o desespero que passou.
“São consequências que nunca serão reparadas. Não é somente colocar em liberdade um inocente que resolve um erro grosseiro como esse por parte de uma instituição que confiamos muito”.
Segundo ela, foram quatro meses sem conseguir trabalhar, ter lazer, sair de casa. “Os prejuízos foram gigantescos. Ele teve consultas, cirurgias canceladas. Ele passou um mês recluso e nós também com medo de ser apontado como a família de assassino”.
Ela disse que o médico está ainda abalado e o momento é de alívio e que foi um sofrimento desnecessário.
“Ao contrário do que a polícia prega de investigar para prender, meu irmão foi preso para ser investigado”.
Lara Medeiros revelou ainda que o irmão no dia do crime estava em um restaurante com a noiva e apresentou provas para a polícia.
Provas contra médico eram frágeis, diz Norberto
O advogado Norberto Campelo, que defendeu o médico, disse que o levantamento da polícia estava totalmente equivocado com provas frágeis.
“Esses erros ocorreram a partir do momento que eles encontraram o que consideram evidências que levariam ao Dr. Albert e não tiveram o cuidado de comprová-la ou confrontá-la com provas que o afastariam do crime”.
Entre os materiais apresentados como prova foram fotos, com datas e horários, monitoramento de percursos com localização identificados através das operadoras de telefones.
Norberto criticou o uso indiscriminado de mandados de buscas, apreensões e das prisões temporárias como forma de investigação.
“Ela deve ser exceção e não a regra. Era fácil identificar onde ele estava, o que ele fazia”.
Outra prova foi o vídeo, que segundo Norberto, é uma frágil, que não tinha placa e com baixa qualidade das imagens. Ele também confirmou que o vidro quebrado no carro do médico foi danificado há um ano antes do crime.
“A linha de investigação começou corretamente, as falhas se deram no momento posterior”, disse Norberto.
Fonte: Cidade Verde