
Após Israel lançar um ataque sem precedentes contra o Irã na noite dessa quinta-feira (12/6), com o objetivo de desmantelar suas instalações nucleares, matando ao menos três dos chefes militares do país e seis cientistas nucleares de alto escalão, o Irã iniciou sua retaliação logo em seguida: lançou mais de 100 drones em direção ao território israelense. Segundo o Exército de Israel, “todos os sistemas de defesa estão funcionando para eliminar as ameaças”.
Em carta endereçada ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, o Irã chamou de “declaração de guerra” os ataques desta madrugada de Israel contra instalações militares e nucleares, e apelou ao órgão para que intervenha.
Os ataques mútuos geraram temores de que as tensões entre os rivais, fortemente armados, se transformem numa guerra em grande escala no Oriente Médio. A ofensiva de Israel foi anunciada como o início de uma operação prolongada para impedir que Teerã construa uma arma atômica.
Membro permanente do Conselho de Segurança, a Rússia disse que os ataques não foram provocados e violaram a carta das Nações Unidas. “Ataques militares não provocados contra um Estado soberano membro da ONU, seus cidadãos, cidades pacíficas e infraestrutura de energia nuclear são categoricamente inaceitáveis”, disse o ministério russo do Exterior em nota.
Janela de oportunidade
Com o ataque contra o Irã, Israel quis aproveitar uma “janela de oportunidade” aberta pela fragilização dos sistemas de defesa aérea iranianos após uma sequência de bombardeios israelenses em outubro do ano passado, afirma a correspondente da DW em Jerusalém, Tania Kraemer.
“Eles [Israel] tinham uma janela de oportunidade, somada à preocupação com o programa nuclear [iraniano]. Havia expectativa de que isso aconteceria, mas as negociações nucleares entre os EUA e Israel ainda estavam em andamento”, disse Kraemer.
Uma nova rodada está marcada para o domingo (15Q6), mas agora já não se sabe se a conversa será mantida.
Cientistas mortos
A agência de notícias estatal iraniana Tasnim listou os mortos como sendo: Abdolhamid Minouchehr, Ahmadreza Zolfaghari, Amirhossein Feqhi, Motalleblizadeh, Mohammad Mehdi Tehranchi e Fereydoun Abbasi.
Tehranchi era presidente da Universidade Islâmica Azad do Irã, e Abbasi é ex-chefe da Organização de Energia Atômica do Irã, segundo a agência de notícias AFP.
Sob controle
Após o Irã retaliar os ataques desta madrugada com o lançamento de 100 drones contra Israel, o exército israelense disse ter controlado a ameaça e interceptado a maioria dos drones.
“Temporariamente, a ameaça dos drones está sob controle, o que nos permite alertar os civis israelenses com antecedência suficiente para que se abriguem”, disse um militar à agência de notícias EFE.
Por volta das 11h (horário local, 5h de Brasília), a população foi informada de que não era necessário permanecer perto dos abrigos.
Por volta das 3h (21h de quinta em Brasília), fortes explosões foram ouvidas no centro de Teerã. Logo depois, sirenes de ataque aéreo soaram em Israel, enquanto o Ministério da Defesa israelense anunciava o lançamento de um “ataque preventivo” contra o Irã.
Além de alvos e instalações militares, Israel também alvejou cientistas nucleares e oficiais militares de alto escalão.
Israel alegou ter matado membros do Estado-Maior do regime iraniano e das forças de segurança no ataque: o general Mohammad Bagheri, comandante do Estado-Maior das Forças Armadas; o comandante-chefe da Guarda Revolucionária do Irã, general Hossein Salami; e o general Gholam Ali Rashid, chefe da base aérea de Khatam al-Anbiya.
Fonte: Metrópoles