O ex-ministro-chefe da Casa Civil no Brasil e ex-deputado federal José Dirceu retornou ao Congresso Nacional, nesta terça-feira (2), pela primeira vez após mais de 18 anos. A última vez em que ele havia estado no Congresso foi em 1º de dezembro de 2005, quando a Câmara cassou seu mandato por quebra de decoro parlamentar. O petista, aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), participou de uma sessão especial no plenário do Senado em celebração à democracia brasileira.
“Com enorme honra, destaco e agradeço a presença nesta mesa deste companheiro, e agradeço a Deus a possibilidade de, na minha formação política, ter sido um dos formadores, nos melhores momentos do PT, meu querido José Dirceu, ex-deputado federal, militante político da resistência à ditadura entre 1960 e 1970”, disse o senador Randolfe Rodrigues (AP) no início da sessão, entre aplausos. Randolfe é o autor do requerimento para realização da sessão e a presidiu. Foi ele também que convidou o ex-deputado federal para participar do evento.
José Dirceu ocupou o posto de ministro-chefe da Casa Civil no primeiro governo Lula e deixou o governo federal em junho de 2005, após ser acusado pelo então deputado Roberto Jefferson de ser o mentor do escândalo do mensalão, de compra de apoio parlamentar. Em dezembro do mesmo ano, ele perdeu seu mandato.
Em 2012, o Supremo Tribunal Federal (STF) condenou Dirceu, no âmbito do escândalo do mensalão, por corrupção passiva. Por isso, ele chegou a ser preso em novembro de 2013. Foi liberado posteriormente, mas retornou à prisão em agosto de 2015, por suposta participação no esquema do Petrolão, de desvio de verbas da Petrobras. Chegou a ser condenado no âmbito da Operação Lava Jato, mas está em liberdade desde 2017.
Dirceu discursa contra a ditadura
Em discurso na sessão no Senado, José Dirceu elogiou João Goulart, o presidente do Brasil deposto em 1964, e disse que o golpe civil-militar não teve apoio popular. Ele afirmou que, se Lula não tivesse sofrido “um processo político de exceção, sumário e que o levou à prisão”, o Brasil teria sido governado a partir de 2019 “por um governo democrático, no mínimo, nas condições hoje de que um país como este necessita”. Dirceu, que fez parte da guerrilha contra a ditadura, defendeu a necessidade de debater publicamente o papel das Forças Armadas e defendeu que o Brasil precisa de uma “revolução social”.
Nos 60 anos do golpe militar, neste 31 de março, Lula decidiu não fazer manifestações nem incentivou a participação de ministros em atos contra o regime ditatorial.
Fonte: Sbt News