Por Adriana Magalhães
A piauiense Ivana Mara Ferreira da Costa, 55 anos, está desde junho em Nova York, nos Estados Unidos, participando do maior desafio de sua carreira: servir no Quartel-General da Organização das Nações Unidas (ONU). Ivana Mara é tenente-coronel do Exército Brasileiro e já serviu em Salvador (BA), Brasília (DF) e São Paulo (SP).
“Meu trabalho hoje na ONU é assessorar o coordenador especial das Nações Unidas para a resposta da ONU contra o abuso, a exploração sexual e o assédio de mulheres. A atuação é nas esferas militar, civil e policial. Coordeno a frente de prevenção contra a exploração e o abuso sexual”, descreve.
Chegar até a ONU não foi uma tarefa fácil
A piauiense é doutoranda em Relações Institucionais (USP), mestre em Linguística Aplicada (UNB) e tem especialização em Ensino de Língua Inglesa e acabou de concluir uma segunda especialização, agora em Relações Institucionais (USP).
Mas toda essa história acadêmica e profissional começou no Campus Poeta Torquato Neto, da Universidade Estadual do Piauí (Uespi), em Teresina, onde Ivana Mora morou até ingressar no Exército Brasileiro, aos 27 anos.
No Piauí, a então professora de língua inglesa, lecionou em escolas tradicionais como Diocesano e Instituto Dom Barreto e em escolas de idiomas no estado até o ano de 1996, quando prestou concurso para o Exército e se mudou para Salvador (BA). Na capital baiana ela estudou na Escola de Administração do Exército, antes de iniciar sua atuação, como professora, no Colégio Militar de Salvador.
Visita a Teresina
Em Salvador, Ivana conheceu seu esposo, o professor Adriano Bittencourt Andrade, doutor em Arquitetura e Urbanismo Histórico e onde nasceram as duas filhas do casal. Atualmente, a família reside em São Paulo, mas sempre visita Teresina.
“Sempre volto a Teresina porque tenho amigos, é a minha origem, é o meu estado. É o estado que eu amo, é a cidade que eu me identifico e que me encontro, apesar de ser uma cidadã do mundo”, diz empolgada.
Ivana Mara atuou como professora no Colégio Militar de Salvador por 15 anos, antes de ser transferida para Brasília, para a Divisão de Missão de Paz, do Comando de Operações Terrestres (COTER), por 12 anos. A militar foi transferida para São Paulo em janeiro deste ano. Mas foi em sua passagem por Brasília que começou a trilhar o caminho que a levaria para a ONU.
A militar já serviu duas vezes no Haiti, no período de outubro de 2012 a julho de 2013, e retornou ao pais caribenho de outubro de 2015 a junho de 2016. Durante os 12 anos em que serviu na Divisão de Missão de Paz, a tenente-coronel esteve no Haiti em diversas oportunidades para participar de reuniões e outras atividades desenvolvidas pelo Exército Brasileiro naquele país.
Ida à ONU
No ano passado, Ivana Mara foi selecionada para a Operação Acolhida, trabalho de ajuda humanitária de acolhimento de venezuelanos no Brasil. Ela ocupou o sub-comando da Companhia de Assuntos Civis, que tinha como ponto focal a proteção de gênero junto à entidades como a ONU.
Há cerca de um ano, Ivana recebeu um documento do Exército Brasileiro nomeando a militar piauiense para participar de um processo seletivo para o Quartel General da ONU, nos Estados Unidos.
“Por conta do meu currículo e dos cursos que tenho na área de gênero, fui escolhida para participar da seleção. Fiz uma prova teórica e participei de duas entrevistas. Dessa seleção participaram outros militares brasileiros, da Aeronáutica e da Marinha, além de militares de outros países”, explica.
O resultado foi conhecido no último mês de abril e desde junho a militar está na ONU.
“Meu trabalho hoje na ONU, resumidamente, é assessorar o coordenador especial das Nações Unidas para a resposta da ONU contra o abuso, a exploração sexual e o assédio de mulheres. A atuação é nas esferas militar, civil e policial. Coordeno a frente de Prevenção contra a exploração e o abuso sexual”, descreve.
A missão de Ivana nos Estados Unidos está programada para durar um ano, mas pode ser renovada e se estender por mais um ano.
Na ONU, a tenente-coronel Ivana Mara visita regiões em que são mapeadas vulnerabilidades ligadas à violência de gênero.
“Trabalho diretamente na revisão de políticas dentro da própria ONU, participo de reuniões e assessoro o chefe de escritório, apresentando propostas de políticas de resposta contra abuso e a exploração sexual de mulheres”, explica.
Nesta quarta-feira (25), a piauiense participa de evento no Conselho de Segurança da ONU. O evento é ciceroneado pelo Brasil e debate, ao nível ministerial, a participação das mulheres na paz e na segurança mundial. A data marca os 23 anos da resolução nº 1325, primeira resolução da ONU que trata sobre igualdade de gênero, e que é o marco inicial da criação da “Agenda mulheres, paz e segurança”.
Na agenda da militar já tem um compromisso agendado para novembro, quando Ivana vai realizar uma palestra no Ministério da Defesa de Moçambique, a pedido do governo brasileiro. Na palestra, a professora vai apresentar a Agenda Mulheres, Paz e Segurança”, tema com o qual trabalha há mais de uma década.
Fonte: Cidade Verde