O estudo “Pele Alvo: a Bala não Erra o Negro”, realizado pela Rede de Observatórios da Segurança revela que o Piauí é o estado com maior registro de linchamentos por número de habitantes.
O levantamento, divulgado nesta quinta-feira (16), mostra que São Paulo é o estado com mais casos, 39 vítimas, porém, o Piauí com cinco casos a menos, é o estado que mais preocupa, já que sua população é dez vezes menor que a paulista. Segundo o estudo, as principais vítimas são meninos negros vistos como suspeitos e que “mereceriam um corretivo”.
Para a Rede “linchamentos são respostas da sociedade que desacredita do sistema de justiça e resolve os problemas com as próprias mãos em um ato bárbaro”.
Em 2022, foram registrados 167 casos de linchamentos (132) e tentativas (35).
Segundo a Rede “chacinas e linchamentos são indicadores cruciais de nossa humanidade. Sempre que uma chacina é executada, existe um recado para toda a sociedade”.
O Rio de Janeiro acumula chacinas policiais com grande número de mortos e no período da análise registrou 40 eventos com 183 mortes. Em seguida vem Bahia, com 22, e Ceará, com 21. O estado cearense chama atenção com aumento de 75% no índice de chacinas de um ano para o outro (no período anterior foram 12 casos), além de ter o maior número de mortos em chacinas na região (75).
Veja um resumo do relatório
- Piauí é o estado com maior registro de linchamentos por número de habitantes
- Polícia do Rio de Janeiro mata mais que todos os outros estados juntos
- No Nordeste, polícia baiana é a que mais mata
- Maranhão tem o maior número de ações de policiamento no Nordeste
- Bahia teve aumento de 47% em índices de violência contra a mulher
- Pernambuco é o estado que mais mata mulheres trans
- Ceará quase dobra número de chacinas com aumento de 75%, estado também é onde mais policiais morrem no Nordeste
- Maranhão e Piauí têm os maiores indices de violência sexual contra crianças no Nordeste
- São Paulo registra aumento de 15% na violência contra crianças e adolescentes
Polícia mata mais negros
O número de pessoas mortas pela polícia em apenas oito estados brasileiros chegou a 4.219 em 2022. Desse total, 2.700 foram considerados negros (pretos ou pardos) pelas autoridades policiais, ou seja, 65,7% do total. Se considerados apenas aqueles com cor/raça informada (3.171), a proporção de negros chega a 87,4%.
Ranking das seis cidades com mais mortes de negros
O relatório da Rede de Observatórios da Segurança apontou ainda que Teresina concentra as mortes de negros no estado. Das 39 mortes, 22 ocorreram na capital e as vítimas são periféricos e jovens. De acordo com o estudo, 58% das vítimas que morreram são da faixa etária de 18 a 29 anos.
O estudo diz que uma proporção de 88% de mortes de pessoas negras no Piauí foram decorrentes de intervenção do estado.
No estado, 79% da população é negra.
“Quando cruzamos esses dados, é possível enxergar o quanto o racismo segue em alta e legitima a criminalização dos corpos pretos”, diz o relatório.
Fonte: Cidade Verde