
O Ministério do Trabalho e Emprego está coletando informações sobre os brasileiros que trabalham na escala 6×1. Segundo a pasta, os dados estão sendo organizados e devem ser divulgados até o meio deste ano.
A pesquisa acontece em meio ao debate sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que pretende acabar com a escala de seis dias de trabalho por semana. A proposta é de autoria da deputada federal Erika Hilton (PSOL) e já conta com as assinaturas necessárias para tramitar na Câmara dos Deputados. O protocolo oficial deve ocorrer nos próximos dias, com o fim do recesso parlamentar.
Falta de dados específicos
Especialistas destacam que entender o perfil dos trabalhadores que seguem essa jornada é essencial para avaliar os impactos de uma possível mudança na lei. Atualmente, os principais registros de emprego formal no país, como o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e a Relação Anual de Informações Sociais (Rais), contabilizam apenas a carga horária semanal dos trabalhadores, sem especificar quantos dias eles atuam na semana.
O economista Daniel Duque, pesquisador da Fundação Getulio Vargas (FGV), aponta que essa ausência de informações dificulta uma análise mais precisa.
“As pessoas podem trabalhar um dia a mais ou a menos, mas não sabemos quantos dias exatos elas trabalham. Não sabemos se os trabalhadores na escala 6×1 têm mais ou menos renda, qualificação, se são homens ou mulheres, qual é a faixa etária deles. Sem esses dados, fica difícil prever os impactos do fim dessa escala”, explicou.
A última Rais, referente ao ano de 2023, aponta que 33,5 milhões de brasileiros trabalham entre 41 e 44 horas semanais, carga horária que pode corresponder à jornada 6×1. No entanto, esse dado não é exato, já que trabalhadores com contratos de menos horas podem distribuir sua jornada de forma diferente ao longo da semana.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também foi consultado, mas nunca realizou levantamentos específicos sobre a quantidade de dias que cada brasileiro trabalha na semana.
Impactos para trabalhadores e empresas
Além de entender o perfil dos trabalhadores, economistas ressaltam que a discussão precisa considerar os setores que adotam essa escala e quais seriam as alternativas caso ela fosse extinta.
“As empresas que utilizam a escala 6×1 teriam alternativas? Estão em dificuldades financeiras? Poderiam investir em tecnologia para compensar a mudança? Por exemplo, restaurantes que operam nesse modelo poderiam recorrer a aplicativos onde os clientes fazem pedidos diretamente, reduzindo a necessidade de garçons?”, questiona
Fonte: Meio Norte com informações da CNN